O grande debate
A história do hidromel é tão rica e cativante quanto a própria bebida. Sua origem, bem como a origem de outras bebidas fermentadas como cerveja e vinho, é cercada por mistérios e pressupostos. Os debates sobre qual delas surgiu primeiro continuam sendo discutidos por arqueólogos e historiadores até hoje, mas o hidromel tem uma vantagem sobre os outros por alguns motivos.
A primeira é que, diferentemente do vinho e da cerveja, o hidromel não requer domínio da agricultura para sua produção e é um recurso disponível o ano todo (ao contrário de certas frutas e cereais). Outro ponto, é que o mel é consumido e coletado pelo homem a milênios. Assim como os chimpanzés e outros primatas, nossos ancestrais também desfrutavam desta comida altamente calórica.
É provável que o hidromel tenha sido descoberto e redescoberto em várias regiões, e em diferentes períodos históricos. Imagine o seguinte cenário: um grupo de caçadores do paleolíticos se prepara para embarcar em uma expedição por vários dias. Eles enchem seus "odres" (uma espécie recipiente feito de pele de animal) com água e iniciam sua jornada. No caminho encontram uma colméia e parte do mel que não foi consumido na hora é armazenado em um destes recipientes para consumo futuro junto com o restante da tribo. Depois de alguns dias, quando os caçadores retornam, percebem que o líquido "magicamente" foi transformado em algo novo.
Através das civilizações.
Ao longo dos séculos, o hidromel ganhou popularidade em varias civilizações e era frequentemente relacionado a deidades, concedendo a reputação de um nectar milagroso e sagrado. Os gregos, por exemplo, que chamaram a bebida de Ambrosia ou Néctar acreditavam que o hidromel poderia prolongar a vida, aumentar a saúde, a força, a virilidade e a inteligência. Para eles, a bebida desceu do céu como orvalho antes de ser recolhida pelas abelhas. Para os vikings, era a bebida preferida dos seus deuses (e a deles também). Os celtas já acreditavam em um rio de hidromel que atravessava o paraíso, enquanto os anglo-saxões consideravam o hidromel como a bebida que daria imortalidade, poesia e conhecimento.
A popularidade mística que mantinham hidromel dentro de rituais em templos o tornou um remédio natural nos primeiros estudos da medicina ocidental. Na Inglaterra, havia hidromeis com ervas especificos para curar doenças, ajudar na digestão ou até mesmo expulsar a melancolia. O nome para esses hidromeis temperados é Metheglin, que vem da palavra "medcyglin", que significa medicina.
Durante o final da idade média, o hidromel diminuiu de produção no sul da Europa, aonde as uvas se tornaram uma fonte mais barata e fácil de manusear na produção de vinho. Mas no norte, onde as videiras estavam menos disponíveis, a popularidade do hidromel continuou por mais alguns séculos.
A mitologia do hidromel continua até hoje, muitas vezes despercebida pela maioria. O termo "lua de mel" vem da antiga tradição de consumir hidromel na noite de núpcias, para garantir uma união frutífera e de muitos filhos. E o pagamento ao produtor de hidromel era frequentemente aumentado caso o filho primogênito fosse do sexo masculino.
Hidromel hoje
Na última década, sua popularidade vem crescendo em todo o mundo. E o desenvolvimento desse mercado já é visível na Europa e nos Estados Unidos. Existem várias menções a hidromel em obras literárias e filmes da cultura pop, como "Harry Potter", "O Senhor dos Anéis", "Game Of Thrones", além de jogos como a série de RPG "The Elder Scrolls", contribuindo para a disseminação da bebida.